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Grãos de Café e a Escrita Etíope

3 August 2016
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No mês passado, estivemos em Adis Abeba para realizar um workshop para o Painel de Geração de Escrita Etíope. Assim que chegamos, enquanto éramos apresentados à bela história e cultura da Etiópia, ficamos sabendo que os grãos de café eram originalmente de Kaffa, um reino medieval na antiga região da Etiópia. Os grãos crescem em um arbusto chamado bun em oromo, um idioma da região. Já encantados com essa descoberta, nossas atividades começaram com uma visita ao IES (Institute of Ethiopic Studies, Instituto de Estudos Etíopes), que abriga um museu onde fizemos uma jornada pela maravilhosa e diversificada herança histórica da Etiópia. O museu foi a primeira parada perfeita da nossa viagem, porque lá conseguimos compreender a tarefa difícil que teríamos pela frente.

Depois do museu, visitamos a AELC (Academy of Ethiopic Languages and Cultures, Academia de Idiomas e Culturas da Etiópia) no campus da Universidade de Adis Abeba. Lá, o professor Mulugeta Seyoum falou animadamente sobre o envolvimento dedicado da universidade no estudo de idiomas, filologia, lexicografia e da cultura da Etiópia. Considerando os 91 idiomas falados na Etiópia, eles têm um grande trabalho nas mãos.

Coffee Beans and the Ethiopic Script

Imagem obtida de omniglot

Enquanto nos mostrava as várias publicações da academia, inclusive dicionários publicados para diversos idiomas, como amharic, kebena, oromo e tigrinya, o professor falou sobre o trabalho contínuo da academia de desenvolver uma ortografia para muitos dos idiomas orais que são falados no país, como o komo, um idioma menos conhecido da região do Nilo com o deserto do Saara. Ele explicou como o uso atual da escrita etíope se difere do seu uso em ge'ez, que foi originado no século V AEC. Ele explicou que a escrita é alfassilábica, sendo que cada caractere da escrita indica uma combinação de uma consoante e uma vogal. Ele observou como essa estrutura de consoante-vogal dificulta para eles transcrever sequências com duas consoante-consoante (chamadas de geminadas). Essas sequências geminadas são tão nativas para os idiomas em que estão inseridas quanto seu pão de massa lêveda de teff (com um "f" geminado). Achamos o entusiasmo dele com o assunto tão incrível quanto a xícara de café fresco que experimentamos juntos na lanchonete da universidade. Enquanto saboreávamos esse delicioso café cultivado na região, imaginávamos como eles escreveriam a palavra Kaffa na escrita etíope, que também tem uma sequência geminada.

Alguns dos pesquisadores da AELC fazem parte do GP (Generation Panel, Painel de Geração) da Escrita Etíope, que está tentando solucionar um problema muito diferente: desenvolver LGRs (Label Generation Rules, Regras de Geração de Etiquetas) para a zona raiz. Esses pesquisadores contam com um conhecimento gigantesco para essa difícil tarefa, enquanto colaboram com os membros técnicos do painel, que é liderado pelo professor Dessalegn Mequanint, do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Adis Abeba. O painel também inclui membros dos setores de telecomunicações, governamental e privado.

Coffee Beans and the Ethiopic Script

O objetivo da nossa visita a Adis Abeba nos dias 21 a 23 de julho era treinar esse grupo de especialistas sobre os detalhes do procedimento para desenvolver LGRs da zona raiz [PDF, 1,4 MB], definido pela comunidade. O treinamento foi organizado pelo Programa de IDNs (Internationalized Domain Names, Nomes de Domínio Internacionalizados) e a equipe de GSE (Global Stakeholder Engagement, Participação Global de Partes Interessadas) da África a fim de "institucionalizar o suporte a IDNs". Esse projeto estratégico faz parte da estratégia geral da ICANN para a África, que foi lançada em 2013 e revisada nas Ilhas Maurício, em novembro de 2015, para o período que se encerra em 2020.

Este é o segundo treinamento desse tipo na África, após o primeiro que foi realizado em Pointe-Noire, no Congo, no ano passado. Esses workshops são desenvolvidos para incentivar uma participação ativa de especialistas da África em vários projetos relacionados a escritas e idiomas africanos, e não apenas ao painel da escrita etíope. Nossa viagem à Etiópia também forneceu uma oportunidade única de convidar os participantes da África a se juntarem ao painel de escrita latina, uma vez que muitos idiomas africanos utilizam essa escrita, como o éwé, kinyarwanda, hausa, entre outros.

Muitas outras comunidades de escritas se organizaram a fim de contribuir para as LGRs da zona raiz. O trabalho dessas comunidades se encontra em diversas etapas, conforme ilustrado no gráfico abaixo.

Regras de Geração de Etiquetas (LGR)

Agradecemos à Comissão da União Africana e ao Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Adis Abeba por promover e organizar esse workshop. Como parte da Estratégia para a África da ICANN, nosso envolvimento com a comunidade africana continuará aumentando no futuro.

Se estiver interessado em participar como voluntário no trabalho de alguma dessas escritas ou começar a trabalhar em outra escrita que você usa, envie um e-mail para idntlds@icann.org.

Authors

Yaovi Atohoun

Yaovi Atohoun

Stakeholder Engagement & Operations Director - Africa
Sarmad Hussain

Sarmad Hussain

Senior Director IDN and UA Programs